Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

domingo, 21 de agosto de 2011

Carlos Lamarca - 40 Anos de Sua Execução


Prezados Companheiros.
 
Boa tarde a todos. Em anexo comunicado da Família Lamarca de forma serena e consciente.
Um forte abraço a todos.
 
Cesar Lamarca.
 
 
 
 
CARLOS LAMARCA
Data de Nascimento: 27 de outubro de 1937.
Data de Falecimento: 17 de setembro de 1971.
40 anos de sua execução
 
Tudo que já se escreveu sobre Carlos Lamarca permite a reflexão de um momento da História do Brasil. Não há dúvidas de que sua atitude, decisão e sacrifício foram refletidos em gerações que ainda, pouco ou nada sabem sobre este brasileiro.
 
Em 11 de setembro de 2011 um canal brasileiro mostrará ao Brasil, ao povo brasileiro, 10 anosdo acontecimento em New York, quando as torres do World Trade Center foram atingidas por duas aeronaves de grande porte, que resultou na morte de inúmeras pessoas.
 
Em 17 de setembro de 2011, farão 40 anos da execução sumária de Carlos Lamarca, nenhuma reportagem será efetuada. 
 
São fotografias fortes, mas reais a aqueles momentos onde a solidão, a fome, o cansaço acompanhado do inóspito, da caatinga do território baiano tomou as últimas forças de um homem a mercê na Morte.
 
É de conhecimento geral que foi executado por forças federais brasileiras, por muito tempo fora forjada a “idéia” de que apesar de sua condição física, esta constatada após a execução, que ele teria oferecido resistência impar as forças federais, não sendo-lhe possível nenhum tipo de reação a sua condição física a aquele momento.
 
Seu corpo fora violado após a morte, sobre seu cadáver ocorreram atos abomináveis ao ser humano e a conduta de honra entre militares, seu transporte foi da mesma forma quando uma caça é abatida, até sua chegada ao IML de Salvador – Estado da Bahia – BA.
 
Foi exposto ao olhar de curiosos, de personalidades políticas e militares como um troféu e somente após a chegada de alguns parentes vindo do Rio de Janeiro, e a pedido de um deles, que foi cessada aquela peregrinação. Seu corpo foi reconhecido por parentes, enterrado em cova comum no cemitério da cidade de Salvador, e somente em 1973 foi possível o traslado para a cidade do Rio de Janeiro por seus parentes e sepultado no cemitério do Caju.
 
Tudo isto ocorreu longe de sua companheira e seus filhos, pois residiam em Havana – Cuba e somente regressariam após a “abertura política” no Brasil em 1979. Cumpriram exílio durante 10 anos seguidos.
 
São 40 anos de sua execução. A família Lamarca resgatou de forma silenciosa a cidadania brasileira, pois se encontrava em terra estrangeira, se mantém sob orientação de Maria Pavan Lamarca, hoje com 74 anos de idade e sua convicção é de que ainda há muito a ser feito em memória de seu companheiro.
 
Contrariando orientações, seguindo a sua determinação pessoal foi a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e com muito afinco e determinação prova que, a farsa forjada na Operação Pajussara era frágil demais para ser mantida, com ajuda do Deputado Federal Nilmário Miranda, do Partido dos Trabalhadores exumou os restos mortais de seu companheiro e no IML de Brasília o Legista Médico, Nelson Mazzini prova a execução de seu companheiro.
 
A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e a imprensa recebem de um repórter do Jornal O Globo, um material comprometedor as forças federais brasileiras, o qual estava escondido dentro de um cofre, em uma sala esquecida na Polícia Federal em São Paulo, onde lá foram encontradas sete pastas que mostram um dossiê completo e fotografias de Carlos Lamarca e que serviram de base para contribuir com a suspeita de execução em contribuição com as observações profissionais do médico legista.
 
Não houve dúvidas a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Carlos Lamarca fora executado sumariamente, lhe fora interrompida a vida, lhe fora privado o direito a rendição, a prisão, ao julgamento, a pena e possivelmente a anistia política e restituição dos direitos, inclusive a promoção militar, pois lhe interromperam a vida, assim como ocorreu com muitos outros.
 
A Carlos Lamarca lhe foi alienado o direito a vida. A sua companheira vai a Comissão de Anistia requerer o que também, o Poder Judiciário atual não reconhece em benefício de seu companheiro, em benefício do resgate do direito constituído, o direito a anistia política.
 
Seus representantes judiciais lutam até a presente data, de tribunal em tribunal, de recurso em recurso, de agravos em agravos para derrubar uma liminar sustentada pelo Clube Militar do Rio de Janeiro contra a anistia de Carlos Lamarca, além de lutarem a 24 anos seguidos pelos reparos devidos a sua companheira Maria Pavan Lamarca.
 
São 40 anos da execução de um homem que entregou sua vida pela luta democrática, optou pela luta armada, pois que se impôs no poder pela violência deveria ser removido da mesma forma.
 
Nós da família Lamarca lamentamos que, após 40 anos da execução de Carlos Lamarca sua condição seja a mesma.
 
Carlos Lamarca, ainda e possivelmente seja o único brasileiro não anistiado pela própria Lei de Anistia, pelo Poder Judiciário e pela própria União.
 
Ousar Lutar, Ousar Vencer.
 
Maria Pavan Lamarca.
Cesar Pavan Lamarca.
Claudia Pavan Lamarca.

Rio de Janeiro, RJ, 12 de agosto de 2011.
 

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"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma."
(Joseph Pulitzer)