Cachete - S. M. Antigamente, no Nordeste do Brasil, era assim que se chamava qualquer comprimido para dor.

domingo, 16 de outubro de 2011

Um Tiro na Credibilidade da Sulanca

 

Lixo Hospitalar

A irresponsabilidade de um empresário combinada com a falta de fiscalização do governo brasileiro, por meio dos órgãos de saúde publica, pode ter provocado o maior estrago de imagem na florescente indústria de confecções do polo formado pelas cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru por estar usando como aviamentos peças feitas, nada menos que, de lixo hospitalar importado clandestinamente dos Estados Unidos.

A questão, embora ainda esteja surpreendendo, não é só de sonegação fiscal, de descaminho. É de saúde pública, pois, agora se sabe que o material já importado há alguns meses vem sendo reprocessado sem qualquer tratamento e transformado em aviamentos para fazer forro de calças, bolsos de roupas tipo jeans e até enchimento de gola e demais itens usados na produção de roupas, inclusive, roupas íntimas.

O que pouca gente percebe é o que isso pode ter provocado nos clientes das roupas produzidas no polo de confecções de Pernambuco. Usando como enchimento ou forro em bermudas, esse material pode, em contato com órgãos sexuais masculinos e femininos, ter transportado um espetacular coquetel de bactérias que ainda não é possível dimensionar o seu tamanho.

Imagine uma pessoa que tenha um ferimento nas mãos e esteja usando uma bermuda cujo bolso ou forro foi feito com tecido de algodão reprocessado de um hospital americano? Imagine uma pessoa que tenha sido recém-operada que se cubram com lençóis comprados a R$ 4, o quilo de um hospital sem que os vírus tenham, sido inativado numa lavanderia hospitalar industrial?

O problema é que, até agora, a questão está sendo tratada de forma burocrática. Não foi dado até hoje (uma semana depois do primeiro contêiner aberto) nenhum aviso de alerta à população. Estamos diante de um colossal problema de saúde pública e nenhum tipo de alerta geral foi dado.

Estamos esquecendo que material descartado é material altamente contaminado. Se não tem esse risco é lavado em lavanderia industrial. Se está sendo mandando para o descarte, é porque é material de secreção altamente contaminante. E olha que estamos falando de material novo e, portanto, os hospitais devem ter alguma razão muito forte para descartá-lo logo nas primeiras manipulações.

É isso que precisa ser analisado. Uma empresa importa lixo hospitalar,  reprocessa e revende para servir de aviamento para uma indústria de confecções. Pode ter sido um negócio da China para o empresário marginal que comprou esse material nos Estados Unidos sabendo de todo esse risco e, ainda assim, processa com se nada de mal pudesse provocar.

Num país decente esse empresário estaria preso e obrigado a responder pela crise de saúde pública gerada, com a vigilância sanitária emitindo um sinal de alerta máximo para as pessoas que compraram essa roupa contaminada. Mas, aqui ainda estamos tratando isso como crime de descaminho fiscal.

Mas, isso terá outras implicações. Notícia nacional, o uso de material contaminado como aviamento de confecções vai levar ao descrédito de toda a indústria de confecções de Pernambuco. A partir de segunda-feira todo mundo vai querer saber qual o material usado como forro e enchimento.

Essa é uma onda que a gente não pode dimensionar o que de estrago vai provocar, mas que muita gente vai olhar o jeans e as roupas do polo de confecções com suspeita, isso vai!

Podemos não saber o estrago financeiro disso mas, em termos de imagem, Santa Cruz do Capibaribe servirá de um péssimo exemplo ao Brasil. Pena que os responsáveis ainda não estejam presos. Mas, isso é outra história.

Por Fernando Castilho, do JC Negócios

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(Joseph Pulitzer)