Renato de La Rocha |
Devido a uma situação muito especial e por ter chamado a minha atenção, hoje, assisti a um programa na TV, a Globo News - sobre "a história da inflação" no Brasil. Historicamente, até que o programa foi interessante, mas, para variar, a Globo "omitiu", proposital e descaradamente, importantes informações, aliás, a mais importante de todas as informações históricas sobre a inflação no Brasil - a criação do Plano Real. Para não dar "crédito" ao governo do Itamar Franco (1992-1994) e para não dar "desmentir" à malta do PSDB e ao Fernando Henrique Cardoso, que governou de 1995 a 2002, a rede Globo omitiu que o governo do presidente Itamar Franco foi o criador do Plano Real, o qual, apesar dos seus defeitos, livrou a economia da inflação galopante, que atingia o Brasil durante mais de 30 anos consecutivos (1960 a 1994).
Até hoje, para a alegria da grande imprensa e para o PSDB, a maioria do povo brasileiro ainda crê que o Plano Real foi "criado" pelo governo FHC ou, pior ainda, que o FHC é o "pai" do Plano Real.
Lamento que ninguém faça a questão de desmentir esta história mal contada. Então, para o bem da verdade e para o bem da história, é muito importante o meu depoimento, pois, além de sempre ter sido "muito ligado" nos assuntos econômicos, neste tempo, eu trabalhava na área de Orçamento e Finanças de uma empresa pública de grande porte e fui obrigado a "entender" este plano de cabo a rabo.
O Plano Real começou a ser "aplicado" na nossa Economia no dia 27 de fevereiro de 1994, através da implantação da URV - Unidade Real de Valor, que, em resumo, era um tipo de "indexador" da nossa Economia, que iria preparar o povo para a "etapa seguinte" do Plano. No dia 1º/03/1994 - 1 URV era igual a 647,50 cruzeiros reais. Após quatro meses, ou seja, no dia 30 de junho de 1994, foram extintas a URV e a moeda "cruzeiros reais" e foi implantada a nova moeda - o Real. No dia 1º de julho/1994, um real equivalia a 2.750,00 cruzeiros reais.
É oportuno também citar que o Fernando Henrique Cardoso, apesar de nada entender de Economia e de Finanças, foi ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, no período de 19 de maio de 1993 até o dia 30 de março de 1994.
O plano teve, entre outros, os seguintes "criadores": Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco e Pedro Malan, os quais, após a eleição do FHC, deitaram e rolaram em cima da "fama" e todos ficaram muito bem "arranjados" no governo.
Embora a maioria da população e até muitos "especialistas", ainda hoje, acreditem que foi o Plano Real que acabou com a inflação no Brasil, eu afirmo que o plano foi apenas uma "parte" desta história - o Plano teve o mérito de acabar com a "memória inflacionária", pois extinguiu todo o qualquer tipo de indexador financeiro, mas o que ajudou de fato a acabar com a inflação galopante foi o brutal arrojo imposto nas contas públicas e o congelamento de todos os salários e investimentos, que colocaram a economia em plena recessão, especialmente durante os anos de 1995 até 1998. De 1998 a 2002, o governo FHC quase acabou com o plano Real, que começava a ruir por falta de uma política econômica desenvolvimentista, porque o liberalismo econômico estava em alta. Em 2002 a inflação já estava de volta, as dívidas interna e externa eram imensas e todos os indicadores sociais e econômicas eram os piores possíveis. Mas, felizmente, em 2002, o Lula venceu as eleições e depois, a muito custo, conseguiu recuperar a nossa economia, implantando uma política econômica "desenvolvimentista" - criou o maior plano de transferência de renda do mundo (Bolsa Família), recomeçaram os investimentos em infra estrutura, recuperou a "auto-estima" do povo, deu nova credibilidade para a nossa economia ao começar a pagar a dívida externa, que proporcionou o aporte de bilhões de dólares em investimentos no BRASIL. O resto desta história, vocês devem lembrar, mas, para evitar algum esquecimento, vou relembrar: graças à grande mentira inventada pela grande imprensa(?) braZileira sobre a "criação" do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições de 1994 e tomou posse da presidência do Brasil no dia 01/01/1995.
Um comentário:
Lembrando também que a equipe do real contava ainda com Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch.
O livro de Luís Nassif, Os Cabeças-de-Planilha, esclarece bem esse episódio e informa quais deles ganharam mais nessa época.
Abs!
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